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Montenegro: um monastério nas alturas

Ostrog, ponto de peregrinação ortodoxa encravado na rocha sobre o vale do Rio Zeta, convida a descobrir o interior montanhoso

Por Monica Nobrega
Atualização:
A Ponte Tara, sobre o rio de mesmo nome Foto: Mônica Nobrega/Estadão

ZABLJAK - O

Rio Zeta

corre lá embaixo, no centro do vale. Paralela a ele, serpenteando pela montanha, segue a estrada em direção a um dos principais atrativos turísticos de Montenegro, o

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Monastério ortodoxo de Ostrog

. Um daqueles casos em que só o caminho já causa suspiros. Mas ficou tudo ainda mais espetacular quando nosso micro-ônibus pegou uma estradinha estreita.

São 2,5 quilômetros de curvas fechadíssimas, essas que costumamos chamar de cotovelos, 16 delas. A cada direita-esquerda, esquerda-direita, trocávamos de janela no ônibus para não perder nem um lance da aproximação. A 900 metros de altura contados a partir do fundo do vale, a construção branca do monastério está encravada no paredão rochoso da montanha, dentro de uma caverna, equilibrada na beirada do precipício, um camarote para se observar a beleza do vale a seus pés. 

O local foi fundado por São Basílio de Ostrog no século 17. A construção atual é quase toda da década de 1920, quando o monastério precisou ser recuperado depois de um grande incêndio. São Basílio morreu ali, em 1671, e a grande atração é visitar seu corpo, guardado em uma capelinha dentro de uma caverna na rocha, abaixando-se para passar por uma porta minúscula e com direito a ficar uns poucos minutos lá dentro. 

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O corpo não está embalsamado, nem mumificado, não passou por nenhum procedimento de conservação, diz a guia Dijana Brkovic. Ortodoxa, Dijana (diz-se “Diana” mesmo) é uma mulher de fé. Subimos por uma escada até o ponto mais alto da construção para ver a vista e murais pintados nas rochas da caverna depois que uma fonte d’água que existia por ali secou, enquanto Dijana conta os supostos milagres conquistados por fiéis que foram ao monastério, coisas como cura de doenças e gestações longamente desejadas.

Em média, 100 mil pessoas visitam o monastério a cada ano. No verão, a fila para entrar na capelinha onde está São Basílio pode demorar um dia inteiro. Os fiéis esperam a vez de tocar o corpo do santo, o que é permitido (preferi não, obrigada). Caravanas de peregrinos chegam para pernoitar ao ar livre, no terraço da entrada. Já no inverno é total tranquilidade. Site:

visit-montenegro.com/monastery-ostrog

.

 

Trecho final da subida ao templo, a 900 metros de altura Foto: Djana Brkovic

PARQUE NACIONAL

 

A uma altitude média de 1.500 metros, no

Parque Nacional Dormitor

, e cercada pelos picos mais altos de Montenegro,

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Zabljak

é uma típica cidadezinha turística de montanha. Tem estação de esqui – vista da janela do meu hotel, o

Polar Star

(desde 65 euros; R$ 280 ), pareceu bem básica. O

Lago Negro

(Black Lake) é outro dos principais atrativos. Em dias congelantes como aquele em que visitamos a região, com farta neve caindo sobre nossas cabeças, o gostoso

restaurante Jezero

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constrói uma mesa de gelo ao ar livre e, em copos também feitos de gelo, serve doses de rakija, destilado de fruta que é a bebida mais tradicional dos Bálcãs

(leia mais sobre a rakija abaixo). 

No dia seguinte, no micro-ônibus, seguimos até a bela

Ponte Tara

, sobre o rio de mesmo nome, uma estrutura de concreto em arcos com 366 metros de comprimento e 149 metros de altura, considerada uma das pontes mais bonitas do mundo. Além de extremamente fotogênica, é cercada por tirolesas que atravessam de uma margem a outra. Terminava ali a parte montenegrina da viagem. Cinquenta quilômetros adiante, depois de um procedimento de imigração conduzido por um agente com cara de vilão de filme, entramos no território da

Sérvia

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