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Um mundo de possibilidades

Por Cenário: Adriana Moreira
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Foram as viagens a trabalho aqui do Viagem que me ensinaram que estar só em uma cidade estranha não era uma sensação incômoda. Ao contrário: eu poderia passar horas caminhando pelo centro de Madri sem ouvir reclamações de cansaço, voltar quantas vezes eu quisesse à Times Square para garantir a melhor foto ou mesmo comer a mais suspeita comida de rua sem ser julgada. É claro que a sensação de solidão surge até para o mais bem resolvido viajante. O segredo está em como lidar com ela. Aprendi a diversificar as distrações dos momentos solo: fazer um diário, ter mais de um livro, palavras cruzadas, iPod, filmes para ver no notebook... Ah, e o mais importante: um chocolate para abrir em caso de emergência. O truque também está no planejamento. Prefiro hotéis menores e pousadas, mais aconchegantes que os hotelões impessoais. Europa por um mês sem companhia? Oportunidade para fazer um curso qualquer. Você cria uma rotina, uma relação com a cidade, e vai fazer amigos - até para viajar com eles nos fins de semana. Outra solução é dividir as férias: uma semana sozinho viajando, outra em casa, entre família e amigos. Foi o que fiz neste ano. No ônibus para Jericoacoara, um bate-papo me rendeu uma companhia para os passeios - e uma amiga. Ela voltou para casa mais cedo e, nos dias restantes, passei horas na praia, pedi para a cooperativa de bugueiros me encaixar numa saída para as lagoas, fui ao forró (impossível ficar só em um lugar onde todos querem um parceiro de dança) e até consegui dividir um 4X4 para voltar a Fortaleza. Comunicar-se, eis a chave de tudo. Um ano antes, queria ficar sozinha e pedalar até não aguentar mais em São Francisco. Cruzei a Golden Gate, explorei a cidade, errei o caminho uma, duas, três vezes. Aliás, você vai errar, e muito - o caminho, o horário do museu e até a escolha do hotel - e não poderá colocar a culpa em ninguém. Tudo é aprendizado. Você trará uma bagagem com lembranças mais duradouras do que meros souvenirs. Ficará mais aberto para perceber o mundo, fazer amigos e até mudar as próprias convicções. E convenhamos: em tempos de redes sociais e Skype, fica fácil matar as saudades de quem ficou.

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