Um problema recorrente

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Por Redação
Atualização:

Nenhum leitor da coluna foi capaz de indicar um professor de udihe para nosso incansável viajante, o que não é de se estranhar, já que, ao que consta, o idioma é praticado por menos de 250 habitantes do planeta. Em contrapartida, as considerações de mr. Miles sobre as línguas que se deve aprender motivaram acalorados debates entre leitores que discordaram da lista sugerida (mandarim, hindu, inglês, espanhol e português). Nosso polêmico correspondente lembra que, antes de mais nada, conclamou o público a aprender tantos idiomas quanto possível e que sua lista foi apenas um estímulo para que todos soubessem que, com apenas quatro línguas - além do português -, qualquer cidadão torna-se capaz de se comunicar com quase 2 bilhões de pessoas. Lastima os pseudopatriotas italianos, japoneses, alemães e, "believe me, até um húngaro", que execraram a relação pela ausência de seus idiomas nativos. E informa ao leitor Jacques Pennewaert que não havia ingerido "várias doses de scotch" ao produzir a lista e deixar de fora o francês. "You?re wrong, monsieur Pennewaert: eu só havia tomado uma dose. Besides, o francês, idioma que, aliás, muito me agrada, é utilizado por apenas 130 milhões de pessoas. Menos, portanto, que o bengalês, o malaio e, I?m sorry to say, a torcida do Manchester United. Só por isso não o indiquei." A seguir, a pergunta da semana: Querido mr. Miles: voltei de Miami ao lado de uma senhora exageradamente perfumada, que, mais tarde, comprou novo perfume a bordo e voltou a encharcar-se. Pela manhã, repetiu a dose. Passei a noite enjoada, com dor de cabeça e sem saber o que fazer. Existe alguma atitude a tomar numa situação como essa? Raquel Simon Caen, por e-mail "Well, my dear? receba, em primeiro lugar, meus cumprimentos pelo seu estoicismo e minha solidariedade pelo seu sofrimento. In fact, há pessoas que passam das medidas no convívio com seus semelhantes. Em um vôo entre Miami e o Brasil as pessoas estão, usually, em situação que beira a promiscuidade. Deveria caber a cada um cuidar de sua discrição e do mínimo conforto de seus vizinhos. Unfortunately, a cortesia é um valor em desuso, isn?t it? Não conheço nenhuma lei ou norma que coíba o uso de elixires em lugares fechados e, honestly, seria contra mais essa proibição. Por dois motivos que explico. O primeiro deles - e mais grave - é que há uma crescente indústria de proibições vicejando em todos os setores da atividade humana. Estamos cada dia mais limitados e convencidos de que é preciso limitar os demais. Só os advogados ganham com isso. Don?t you agree? A segunda razão, darling, é que algumas pessoas usam seus perfumes com sabedoria e não se tornam invasivas como sua stinky seat mate. É claro que eu poderia mencionar também o fato de que algumas pessoas precisam do perfume para mascarar exalações ainda mais desagradáveis, mas temo provocar os leitores que acham que tenho alguma rivalidade com os gauleses. Anyway, Rachel, a lógica do perfume é muito semelhante à do tabaco. Aromas que incomodam. O tabaco, as you know, foi banido por conta de sua vilania. Você reclama de enjôos e dor de cabeça. Se houver relação causa-efeito, alguém certamente criará uma proibição. A lawyer, of course." * Mr. Miles é o homem mais viajado do mundo. Ele já esteve em 132 países e 7 territórios ultramarinos. É colunista e conselheiro editorial da revista ?Próxima Viagem?

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