Na semana passada apareceu na minha timeline um post gringo chamado "Dez lugares incríveis para uma mulher que viaja sozinha". Olhei para o post, relutei, e a curiosidade falou mais alto. Acabei clicando só para ver o que estavam falando sobre o assunto.
Me surpreendi porque o post vinha do respeitado blog de viagem 'Nomadic Matt' do Matt Kepnes. Lendo as primeiras linhas, me surpreendi mais ainda porque o post foi feito por uma mulher. Nada contra o Matt ou a autora do post. Tenho certeza de que fizeram com a melhor das intenções. Mas sabe qual é o problema? Em 2016 um post na moderna internet dizendo para onde nós, mulheres, devemos ir ou não. Entenda: nós queremos ir para todos os lugares do mundo. Ou pelo menos, nós queremos poder ir para todos os lugares do mundo.
Não que eu seja ingênua e não saiba dos riscos que ainda corremos em certos países e também não é que eu não tenha medo. Mas você não acha que esse tipo de post só reforça a péssima ideia de que nós temos um mapa de viagem diferente dos homens? "Aqui você pode, aqui não"?
O que eu quero dizer é que quanto mais a gente mostrar para o mundo que é normal uma mulher viajar sozinha, mais seguro o mundo pode se tornar para nós. Mas se continuarmos mandando a mensagem para o mundo de que "ok, nós mulheres entendemos que não podemos viajar sozinha então ficaremos quietinhas aqui em casa esperando vocês evoluírem" o mapavai continuar sendo diferente.
Essa minha ideia pode parecer uma coisa boba, assim como foi bobo o post no Nomadic Matt. E eu não queria ter que ainda estar falando sobre isso. Mas é que parar com essa segregação é o princípio básico para um mundo mais seguro para as mulheres.
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