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Os 5 sentidos do viajante

É ouro: ouça mais, dos sons da cidade às histórias dos moradores

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Por Adriana Moreira
Atualização:
Barraca da dona Carmelita, no Mercado Ver-o-Peso, em Belém Foto: Janaína Fidalgo/Arquivo Pessoal

Viajar faz a gente se abrir para o mundo – ao menos em teoria. A tecnologia trouxe muitas facilidades ao viajante, mas também, de certa forma, nos limitou. Deixamos de lado o flanar despreocupado e passamos a planejar cada passo, olhando a tela do celular para seguir à risca o trajeto sugerido pelo Google Mapas ou escolhendo onde comer de acordo com o número de avaliações neste ou naquele site – mesmo que isso signifique perder um dia inteiro de viagem só para marcar a localização nas redes sociais e tirar uma foto daquele prato “único”. O que há de errado nisso? Nada, na verdade. Mas que tal deixar espaço para experimentar as viagens de uma maneira mais natural e menos coordenada, deixando seus sentidos aflorarem? Algumas sugestões:

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Visão

Tire os olhos do celular. Você está viajando, pagou caro pela passagem, pelo hotel e até por esse pacote de internet usado para postar Stories em tempo real. Observe os detalhes, repare nas pessoas, nos vendedores, como funciona o dia a dia de quem vive ali. É esse conjunto que forma a real experiência de uma viagem. E também fique esperto com batedores de carteira, que adoram os distraídos em qualquer parte do mundo (não, não é só no Brasil).

Paladar 

Uma amiga fez uma grande viagem com toda a família, dela e do marido, pelo Uruguai. E ficou abismada quando um dos agregados vetou o restaurante convidativo que todos haviam simpatizado apenas pelo fato de não estar em um determinado guia de viagem. Por que não deixar espaço para o inesperado? Restaurantes fecham e abrem, mudam de dono, de chef, de funcionários. Não há razão para não dar uma chance àquele lugarzinho simpático que te chamou a atenção – tudo bem deixar para outro dia aquele restaurante recomendadíssimo. Dito isso, vale lembrar que provar a comida local também ajuda a entender a história, os costumes e a geografia do lugar visitado. Apelar para um hambúrguer suculento vez ou outra não é nenhum pecado, mas deve se exceção, e não regra, ok? 

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Tato

“Ai, essa praia só tem pedra, credo.” Não seja essa pessoa: viajar também é sair da zona de conforto e buscar beleza em coisas inusitadas. A praia só de pedra pode não ser a melhor para estender a canga, mas que tal observar outras qualidades, como a cor da água, a paisagem, o burburinho? Busque as texturas diferentes daquele lugar, seja na gastronomia, nos passeios ou mesmo na hora de comprar artesanato (sem quebrar nada, por favor). Você pode encontrar um souvenir local que honre o nome de “artesanato” e conte muito mais sobre o lugar do que aquele ímã de geladeira fabricado em massa na China. 

Olfato 

A memória olfativa é comprovadamente a que tem o maior poder de nos levar de volta a um determinado tempo e local. Portanto, não despreze esse sentido em suas viagens – não é à toa que os hotéis vêm investindo em criar fragrâncias próprias para aromatizar o ambiente. Mercados (como o Ver-o-Peso, em Belém) são uma fonte inesgotável de cultura, onde se pode provar pratos típicos, sentir o cheiro de frutas, temperos, ervas, banhos e essências. A Índia é outro lugar lembrado por seus aromas fortes, como cardamomo, curry e incensos. 

Audição

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A palavra é prata, o silêncio é ouro, diz o provérbio. A internet criou uma legião de “especialistas de Wikipédia”, e as viagens não ficaram imunes a esse fenômeno. Ouça o que as pessoas que moram ali têm a dizer, aprenda com elas e com suas histórias. Guias de turismo podem esquecer um pouco da precisão para deixar as histórias mais interessantes, e você não precisa (nem deve) acreditar em números absurdos ou em contos duvidosos. Mas contestar tudo o que ele disser é deselegante e desnecessário; guarde como um causo divertido de férias. Deixe o fone de ouvido de lado para escutar os sons da cidade, os diferentes sotaques e até pescar uma ou outra conversa – pode ser divertidíssimo.

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